Às vezes, o silêncio fala mais que qualquer tentativa de conversa. Ele surge quando a exaustão ultrapassa a vontade de seguir em frente, quando o corpo já não aguenta mais o esforço de se fazer entender. As palavras perdem o sentido quando não há quem as escute, e o que antes era troca se transforma em ruído. A falta de resposta vira uma forma de comunicação, não como uma estratégia, mas como uma consequência natural de alguém que aprendeu que ficar é mais caro do que ir embora. Por muito tempo, a gente acredita que o amor se sustenta pelo esforço, que insistir é um sinal de comprometimento, que explicar-se é um sinal de maturidade. Contudo, tem relações que se alimentam exatamente disso: da tentativa incessante de justificar o que já está quebrado. Cada conversa se repete como um ritual exaustivo, e buscar entendimento acaba virando uma rendição disfarçada de esperança. O silêncio aparece quando a mente, cansada, entende que não há mais nada a traduzir. Ele serve como uma pausa que interrompe o ciclo de exaustão.
Escolher o silêncio não significa desistir; é recuperar o próprio espaço interior. É reconhecer que nem toda presença é verdadeira companhia e que a paz vale mais do que qualquer validação externa. Quando o silêncio se instala, ele reorganiza o que estava disperso, traz clareza e estabelece novas fronteiras. A ausência, tão temida por quem ainda procura um fechamento nas palavras, é o que realmente encerra o ciclo.
O fim raramente acontece no momento em que é anunciado. Ele acontece quando o coração para de reagir, quando a mente encontra descanso e o outro já não ocupa mais espaço algum. O silêncio não é o vazio que fica após a despedida; é o que resta quando a verdade se estabelece de vez. É nesse espaço que a paz se reconstrói, e é a partir dele que se aprende que, para o amor existir, primeiro ele precisa caber no próprio silêncio.
05 novembro 2025
Sobre o fim que o silêncio revela
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