Em um momento da vida, a maturidade emocional aparece da maneira mais clara possível e é quando se percebe que não se deve negociar com a falta de interesse. É o instante em que a vontade de agradar dá espaço à dignidade, e o silêncio do outro deixa de ser um enigma para ser visto como uma resposta.
A metáfora de "não negociar com terroristas" captura bem o desequilíbrio que muitas vezes chamamos de amor. Tem gente que mantém o outro refém de expectativas, promessas vagas e respostas que demoram. É o tipo de relação em que a atenção vira moeda e o afeto é dado em pequenas doses para manter a situação sob controle. Quando alguém tarda a responder porque "precisa ver o que os amigos vão fazer primeiro", isso não é indecisão, mas sim prioridade. O que a pessoa está dizendo, de forma educada, é que não se importa o suficiente.
O problema é que frequentemente continuamos tentando negociar. Aceitamos o adiamento, criamos desculpas, e o amor próprio fica em segundo plano, como quem espera por uma ligação que nunca chega. Mas existe um limite para essa autoilusão. Quando o outro se faz presente apenas como um prêmio a ser conquistado, é hora de perceber que um sequestro emocional está rolando. Não se trata de orgulho, mas de manter a sanidade. Recuperar um fim de semana, o próprio tempo, e o próprio valor, é um ato silencioso de resistência emocional. O desinteresse não é um mistério para ser resolvido, é uma ausência que precisa ser aceita. A vida fica mais leve quando entendemos que a reciprocidade não se suplica, e que a presença não é arrancada à força. É nesse momento que a dignidade se coloca acima do desejo, e o amor próprio se transforma na única forma verdadeira de paz.
18 outubro 2025
Sobre negociar com o desinteresse
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