A falta de resposta de alguém que costuma se esquivar muitas vezes é vista como apatia, como quem dá de ombros para uma situação onde não tem controle. Para quem está na posição de ansiedade, o silêncio parece apenas reforçar os piores medos: a sensação de não ser importante, de estar sendo ignorado, e de ver a outra pessoa "vivendo a vida ao máximo" enquanto sua própria dor permanece sem reconhecimento. Por trás dessa aparente indiferença a dinâmica nesse caso é mais complicada. A indiferença verdadeira raramente se manifesta com um silêncio contínuo. Aqueles que realmente não se importam tendem a procurar uma resolução rápida para vagar esse "apartamento alugado", a seguir em frente e a cultivar a paz com todos, incluindo ex-parceiros. O paradoxo é que a pessoa evitativa, quando se depara com quem realmente importa, muitas vezes fica paralisada. O contato não apenas traz de volta as lembranças do relacionamento que pode ter terminado antes mesmo de começar, ativando feridas profundas e levando a defesas que a afastam do confronto direto. É a importância que o outro possui em sua vida que se torna uma ameaça, já que essa proximidade ameaça a frágil sensação de autonomia que ele criou como uma forma de proteção. Esse contraste se revela na maneira como lidam com o passado. É comum ver pessoas evitativas mantendo relacionamentos com ex-parceiros onde não houve um enfrentamento emocional real. Nesses casos, não houve esse gatilho profundo, nem um espelho que revelasse vulnerabilidades que eles não estavam prontos para enfrentar. Mas quando a conexão é desafiadora e há intensidade suficiente para expor contradições internas, a resposta é o recuo. Não é por indiferença, mas por medo. Portanto, o silêncio não deve ser romantizado como um sinal de afeto oculto, nem interpretado como uma falta de valor pessoal. Na verdade, ele revela mais sobre a luta interna do outro do que sobre quem está esperando do lado de fora. O que realmente importa não é tentar descobrir se há ou não sentimentos, mas entender como cada pessoa lida ao ser desafiada em suas próprias feridas. Assim, o silêncio da pessoa evitativa não é um juízo sobre quem a aguarda, mas um reflexo da sua dificuldade em transformar o medo em presença.
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