22 outubro 2025

Sobre o que permanece depois que o amor se vai (3/3)

    Depois que o amor se vai, o silêncio é bem diferente. Não é aquele vazio da solidão, mas sim o espaço onde antes havia tanto movimento. É nesse espaço que a vida começa a se rearranjar. No começo, pode parecer desolado, mas aos poucos, se revela cheio de possibilidades. O fim de um amor não significa que tudo acabou. É só o início de uma nova fase de autoconhecimento, uma escuta mais profunda sobre quem nos tornamos ao amar. O que fica não é exatamente a lembrança da pessoa, mas sim a transformação que ela trouxe. Cada relação deixa marcas invisíveis, maneiras de pensar, sentir e reagir. Cada laço, mesmo aqueles que acabam em dor, moldam nosso ser. A ausência não apaga, mas sim refina. E o que a princípio parece uma perda acaba se transformando em um aprendizado que não poderia vir de outro jeito.
    Com o tempo, a gente percebe que a presença do outro não era o que sustentava a vida, mas a nossa própria capacidade de sentir. O amor não era sobre quem ficou, mas sobre a experiência de ter sido completo. E é essa completude que levamos adiante. A verdadeira maturidade emocional surge quando entendemos que o verdadeiro amor não é aquele que permanece fisicamente, mas o que permanece em nossa consciência. Ele continua existindo, mesmo que o vínculo se desfaça, porque o que sentimos de verdade nunca desaparece, apenas muda de forma.
    No fim das contas, o amor não se vai. Ele se transforma em algo mais sutil, mais interno, mais sereno. Deixa de ser uma necessidade e passa a ser sabedoria. De um desejo constante, se torna uma presença. E quando esse estado se estabelece, entendemos que amar não foi uma perda de tempo, mas sim um aprendizado sobre o que é o tempo. O fim de um amor não é o contrário de amar, mas sim a prova de que o amor, de certa forma, ainda vive, agora dentro de quem aprendeu a seguir em frente.

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