Quem tem apego ansioso acaba criando repetições que não desaparecem com o término de um relacionamento. A falta da outra pessoa só reforça o medo original que é o de não ser suficiente para ser amado. E, assim, o fim da relação não fecha um ciclo, ele apenas reproduz o vazio. O silêncio e o distanciamento geram o mesmo desequilíbrio emocional que antes vinha da presença intermitente do parceiro evitativo. Por isso, essa distância não traz alívio, mas ativa as mesmas dores que já faziam parte da relação.
A ausência do evitativo resgata a infância emocional do ansioso. É como se voltássemos a um cenário onde o amor parecia condicional, onde a presença era instável, e a atenção precisava ser "merecida" através de esforço. O corpo reage como se houvesse algo a ser consertado, e o sistema nervoso fica em constante alerta, buscando a maneira certa de “fazer o outro voltar”. O sofrimento se transforma em um lar familiar, um estado que, mesmo doloroso, dá a sensação de controle. A cura verdadeira começa quando se deixa de lado a tentativa de curar a própria falta. O apego ansioso não desaparece com o corte de contato, porque o que precisa ser tratado é o interno. O que deve ser interrompido é o ciclo de tentar se tornar digno de alguém que não soube ficar. Curar-se envolve reconstruir a sensação de segurança dentro de si mesmo, desligar o impulso de agradar e reaprender a receber sem sentir que precisa merecer.
Aprender a amar de forma segura é um processo de reprogramação emocional. Significa observar os próprios medos sem se deixar levar por eles, reconhecer o impulso de correr atrás e transformá-lo em um momento de pausa. O ansioso precisa parar de tentar conquistar o amor e começar a habitá-lo, mesmo na ausência de quem se afastou. A segurança não está na pessoa que volta, mas no coração que aprende a permanecer.
18 outubro 2025
Sobre o distanciamento que não cura
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