22 setembro 2025

Sobre o círculo vicioso de afastamento e retorno

    Quando alguém com apego evitativo se distancia, a sensação imediata pode ser de rejeição ou indiferença. Mas, na verdade, essa atitude é uma forma de se proteger. À medida que a relação se torna mais profunda, a proximidade pode trazer à tona lembranças inconscientes de dor ou perda, o que faz com que essa pessoa sinta a necessidade de recuar. Esse fechamento emocional não é falta de interesse, é um mecanismo de defesa para preservar a sua autonomia. Com o passar do tempo, o silêncio não apaga as emoções que foram reprimidas.
    A ausência começa a pesar, e a saudade se manifesta de maneira sutil. A dor da distância passa a lutar com o medo da intimidade, e assim começam a aparecer sinais discretos de que a pessoa está buscando voltar: mensagens vagas, interações superficiais ou apenas gestos simples de contato. O evitativo sente falta da conexão, mas ainda tem receio de se aprofundar em algo mais sério. É nesse ritmo gradual que a necessidade de proximidade pode começar a se manifestar. A conexão, que antes era vista como uma ameaça, pode ser percebida como um espaço seguro. O evitativo pode se permitir demonstrar afeto de forma mais espontânea, manter contato de maneira mais constante e até relaxar um pouco em relação à conexão.
    Contudo, isso não significa uma mudança permanente, mas sim um momento de equilíbrio entre o desejo de se aproximar e o medo de perder a própria liberdade. Esse ciclo tende a se repetir enquanto a dor de permanecer fechado não superar o medo de se abrir. Compreender essa dinâmica ajuda a não levar para o lado pessoal o afastamento e lembra que enfrentar esse processo é uma escolha que só a pessoa com apego evitativo pode fazer.

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