Quando alguém que tem um comportamento evitativo diz que precisa de espaço e estabelece a regra de que só pode ser contatado se ele decidir tomar a iniciativa, isso não é bem um limite saudável. Na verdade, é uma tentativa de controle. Essa atitude vem de experiências anteriores, onde se aprendeu que não podia contar com apoio de pessoas próximas nos momentos mais difíceis. Em vez de ter um acolhimento, aprendeu a lidar sozinho com suas emoções. Esse padrão deixa marcas profundas. Na vida adulta, a pessoa evitativa liga a proximidade à perda de liberdade. Por isso, quando sente que a intimidade está se aproximando, sua reação instintiva é se afastar e colocar barreiras. Isso não quer dizer que não tenha sentimentos, mas sim que está tentando se proteger. Ao impor regras como "não me mande mensagens", a pessoa evitativa busca manter uma sensação de segurança, mesmo que isso prejudique a conexão com o outro. Entretanto, é crucial diferenciar o que é um limite saudável do que é uma estratégia defensiva. Limites saudáveis são aqueles que alguém estabelece para si mesmo, visando seu bem-estar e o da relação. Um exemplo seria: "não costumo responder mensagens de trabalho depois das 22h" ou "prefiro discutir assuntos delicados pessoalmente, ao invés de por mensagem". Essas são declarações sobre a responsabilidade própria, mostrando como a pessoa cuida de si sem restringir o parceiro.
Por outro lado, quando um limite é imposto ao outro, como "não fale comigo até eu decidir", o que se vê é controle, e não autorregulação. Esse tipo de regra não traz segurança, apenas cria mais distância. Reconhecer essa diferença é fundamental para não confundir uma autopreservação saudável com imposições que alimentam o medo da intimidade. Ter clareza sobre essa linha é o que permite agir de forma mais consciente, sem cair em padrões de submissão ou culpa.
27 setembro 2025
Sobre limites e controle
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