18 setembro 2025

Sobre confiança

     A confiança condicional surge do desejo de evitar o risco de se machucar. Ela precisa de provas constantes: só existe se a outra pessoa cumpre o que promete, age como esperado e não falha. Mas essa não é uma confiança verdadeira, é um medo disfarçado. É uma maneira de tentar evitar o abandono, a rejeição ou a traição através de um "contrato". O grande problema é que esquecemos que as pessoas são, por natureza, imperfeitas e inconsistentes. Quando se espera perfeição como condição, a frustração é certa, além de ser uma expectativa totalmente fora da realidade.
    Por outro lado, existe a confiança que não busca garantias de fora. Ela vem de algo mais profundo, reconhecendo que falhas acontecem, que rupturas fazem parte da nossa experiência e que ainda assim podemos seguir adiante. Essa confiança não depende de controlar o outro, mas sim da certeza de que  mesmo diante de dores e perdas temos força para nos reerguermos. É uma confiança que se baseia na vida, no fluxo maior das coisas e, principalmente, na nossa capacidade individual de lidar com o inesperado. A diferença entre esses dois tipos de confiança influencia diretamente como os relacionamentos se mantêm. A confiança condicional nos aprisiona nas expectativas, fazendo com que cada erro se torne um motivo para tudo ruir. Já a confiança que liberta cria espaço para relações mais resilientes e verdadeiras, onde a imperfeição não elimina a possibilidade de profundidade.
    No fim das contas, confiar não é acreditar em perfeição ou esperá-la, mas entender que a fragilidade é parte da condição humana. E por isso, a verdadeira confiança não está no outro, mas na nossa habilidade de nos manter inteiros diante das imperfeições que sempre surgem no caminho.

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