Às vezes, a vida nos apresenta conexões que não se encaixam facilmente em categorias ou rótulos. Há uma sintonia forte demais para ser algo casual, mas ao mesmo tempo, a bagagem é pesada demais para iniciar algo sério. Temos tantas histórias que é impossível fingir que nunca aconteceram. E é nesse espaço indefinido que muitas pessoas se perdem, achando que o problema está nas diferenças de personalidade, na falta de tempo ou até mesmo em todo o fardo emocional que carregaram sozinhos. Na verdade, o que dificulta tudo é a falta de um nome, uma definição. Não que para mim importe, mas fica essa lacuna. O que não tem nome não ganha forma, permanece suspenso, à mercê das oscilações de humor, desejo e insegurança. Enquanto isso, o crescimento da desordem é exponencial. Tudo que não é sustentado por uma escolha tende a se dissolver, porque o tempo não perdoa o que não tem estrutura para se manter.
A falta de decisão corrói até os laços mais intensos. É comum pensar que não fazer uma escolha mantém as portas abertas, evita pressão, evita previsibilidade e deixa tudo seguir seu curso. Mas a verdade é bem diferente. Não escolher é entregar ao acaso o poder de decidir por você, e o acaso raramente protege o que não foi assumido. Com o tempo, o vínculo se desfaz, não por falta de significado, mas de uma forma inicialmente indolor: por falta de sustentação. Em algum momento, tudo precisa ser ou deixar de ser. Essa é a regra que nos desafia a sair da nebulosa indefinição. A clareza não apenas fortalece o vínculo, mas também cuida da nossa saúde emocional. Quando não nomeamos o que temos, é como se estivéssemos sempre vulneráveis, presos entre a esperança e a incerteza e aí subimos as defesas ou paramos de nos importar. No final das contas, é bastante simples, mesmo que doloroso. Ou você escolhe e dá forma ao que existe, ou deixa o tempo decidir pelo silêncio. E esse silêncio, cedo ou tarde, transforma tudo em lembrança.
02 setembro 2025
Sobre decisões feitas pelo acaso
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