03 outubro 2025

Sobre o poder do desapego

    Desapegar não é fingir que não se importa enquanto verifica o telefone à espera de uma mensagem. É parar de colocar o próprio valor nas mãos de outra pessoa e lembrar-se do valor e amor próprios. Muitas vezes o ego tenta enganar com frases bonitas como confiar no universo ou acreditar que o que é destinado vai chegar, mas na prática a postura continua sendo moldada pela esperança de que o outro perceba, de que o comportamento não seja nem demais nem de menos para agradar, mas sim o suficiente para chamar a atenção no silêncio. O desapego real começa quando se faz a pergunta essencial: por que e onde estou terceirizando algo que posso dar a mim mesmo? Amor, validação e segurança não podem vir como empréstimos constantes dos outros.
    A vida espelha a frequência que se transmite. Se a vibração interior é de que é preciso conquistar amor, a resposta será a repetição desse mesmo padrão, intensificado. Quando a consciência se desloca para o entendimento de que já se é digno de amor, respeito e afeto, a dinâmica muda quase de imediato. Não é mais necessário insistir em conversas repetitivas sobre limites, nem esperar que o outro mude, tampouco ensaiar para ser escolhido. É simplesmente viver como alguém que já se reconhece amado e respeitado.
    Adotar essa postura significa também valorizar-se a ponto de não permitir comportamentos nocivos ou desrespeitosos, sem precisar transformar isso em um jogo de certo ou errado. Nesse processo, as pessoas ao redor tendem a se alinhar ou a se afastar, e ambas as respostas são sinais claros de alinhamento com a própria integridade. Mesmo que antigas feridas se reabram, o caminho do desapego verdadeiro conduz à realização de tudo o que se deseja, porque coloca de volta no próprio coração a chave do que sempre se buscou fora.

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