Em um primeiro momento, estabelecer prazos rígidos parece uma forma de autocuidado. A ideia de limitar o tempo que o outro tem para agir traz uma sensação de controle e segurança emocional. No entanto, essa rigidez, quando observada com mais profundidade, muitas vezes se revela como um mecanismo de defesa. Impor prazos, bloquear emoções e evitar vulnerabilidade são formas sutis de tentar impedir que o medo da rejeição volte a ferir. Com o tempo, o entendimento amadurece: proteger o coração não é o mesmo que fechá-lo. A reflexão terapêutica mostra que agir de forma mais fluida é um sinal de confiança e de equilíbrio interno. Nem tudo precisa seguir um roteiro perfeito. O amor não é uma sequência de respostas rápidas, mas um processo que exige presença, paciência e observação. Enviar mensagem primeiro ou esperar deixa de ser um jogo de poder quando o foco passa a ser o autoconhecimento.
Agir de maneira espontânea, quando há vontade genuína, é uma forma de reunir informações sobre o outro e sobre si mesmo, sem a necessidade de se prender a expectativas. Quando o contato finalmente ocorre, a resposta nem sempre precisa ser interpretada como um sinal de vitória ou derrota. Um simples “gostei de te ver, vamos marcar novamente” não carrega garantias, mas mostra disponibilidade. É aí que a maturidade se manifesta: ao perceber que o início de algo não define seu destino e que o propósito do encontro é descobrir, não controlar. Esse tipo de consciência transforma o modo de se relacionar. A pressa cede espaço à curiosidade. A necessidade de ser escolhido dá lugar ao prazer de conhecer. A vulnerabilidade, antes vista como fraqueza, passa a ser reconhecida como coragem. E o que antes era um teste para o outro se torna uma oportunidade de crescimento pessoal.
Quando o olhar se volta para dentro, o processo de amar deixa de ser sobre provar valor e passa a ser sobre viver com autenticidade. E nessa autenticidade, há liberdade. A mesma liberdade que permite entender que, se algo não se sustentar, não é perda, mas seleção natural do que não estava pronto para permanecer.
08 outubro 2025
Sobre o amadurecimento que vem do autocuidado
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