Ter alguém evitativo em um relacionamento não é só um empecilho, mas pode ser uma revelação importante. O distanciamento, cheio de silêncios e recuos, atua como um espelho, mostrando padrões que muitas vezes são invisíveis para quem tenta manter a conexão. Ao perceber essa dinâmica, o que aparece não é só a dificuldade do outro em se aproximar, mas também a disposição de quem está sofrendo, que acaba se deixando de lado para não perder a relação. Essa situação deixa clara a distância entre o que se diz querer e o que realmente se aceita. Enquanto o desejo aponta para relacionamentos saudáveis e recíprocos, a realidade faz com que se aceite migalhas, com a crença de que resistir à escassez é sinônimo de maturidade. O que se resulta disso é um tipo de autossacrifício disfarçado de força emocional, onde a busca por validação externa acaba superando a preservação da própria integridade.
O verdadeiro trabalho não é conquistar ou reconquistar quem se afasta, mas sim recuperar as partes de nós mesmos que se entregaram ou ainda entregam demais para evitar o vazio da solidão. Esse processo envolve acessar uma raiva saudável, que não é destrutiva, mas sim um limite protetor que define até onde podemos nos entregar sem perder nossa essência. Reconhecer o valor desse afeto por si mesmo é o primeiro passo para quebrar o ciclo de relacionamentos que reproduzem o abandono.
15 setembro 2025
Sobre se afastar de si mesmo
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