Quando alguém com apego evitativo decide se reaproximar, o momento não é tão aleatório quanto parece. O afastamento pode durar dias, semanas ou até meses, mas a volta acontece na hora em que há uma mudança interna significativa. Durante esse tempo de silêncio, essa pessoa frequentemente se convence de que está bem sozinha, se distrai e reforça para si mesma que não precisa de ninguém. Mas então chega um ponto em que a falta começa a ser sentida de verdade, seja pela quebra da rotina emocional, seja pelo peso da solidão que aparece quando as distrações já não são o suficiente. Geralmente, o gatilho para o contato surge quando a outra pessoa para de insistir. Enquanto houver cobranças, mensagens constantes ou tentativas de aproximação, o evitativo sente que sua autonomia está ameaçada e acaba reforçando a distância. Mas quando esse espaço é devolvido sem desespero ou hostilidade, tudo muda. De repente, a ausência do cuidado que antes era garantido provoca curiosidade, às vezes até uma ansiedade silenciosa. É nesse momento que um aparentemente simples"oi" pode surgir, significando muito mais do que parece. Em outros casos, a volta acontece em momentos de fragilidade pessoal. Crises, pressões externas ou períodos de solidão atuam como brechas por onde as emoções reprimidas finalmente vêm à tona. Mesmo que o contato se apresente de forma casual, há por trás dele um longo processo de debate interno, medos de rejeição e a busca por um espaço seguro.
É fundamental entender que esse movimento não representa uma mudança definitiva, mas sim um reflexo dos padrões emocionais que governam o evitativo. Por isso, a decisão de permitir essa reaproximação deve vir de quem recebe, não de quem retorna. Ao compreendermos esse mecanismo, fica mais claro que a mensagem recebida não define nosso valor pessoal, mas apenas o estado emocional de quem a envia. Nesse ponto, o verdadeiro poder está em saber escolher conscientemente se esse retorno merece espaço no presente ou se deve permanecer como mais um capítulo fechado.
13 setembro 2025
Sobre o silêncio que antecede o retorno
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