31 agosto 2025

Sobre incoerência e contradições

O julgamento dos outros é algo que está sempre em movimento e em muitas vezes contraditório. A mesma atitude pode ser vista de maneiras diferentes: em um contexto, pode ser considerada firmeza, enquanto em outro, é rotulada como insegurança. Se você bloqueia alguém, isso é visto como sinal de fraqueza emocional, mas se mantém o contato, é sinal de ingenuidade. Responder rapidamente pode ser visto como necessidade de atenção, enquanto uma resposta lenta é interpretada como indiferença. No fim das contas, qualquer escolha resulta em um rótulo negativo. Esse paradoxo se torna ainda mais forte nas relações afetivas. Decidir dar uma nova chance é muitas vezes criticado como falta de amor próprio, enquanto terminar um relacionamento é visto como falta de amor genuíno. Assim, surge uma percepção de que viver de acordo com o que os outros esperam pode ser uma forma de prisão, já que não há como escapar do julgamento. A raiz desse comportamento está nela: na hipocrisia social. É muito mais fácil apontar os defeitos dos outros do que reconhecer as próprias limitações. A crítica externa acaba funcionando como uma forma de desviar a atenção, tirando o foco de quem julga de suas próprias fragilidades. Reconhecer esse padrão é desconfortável, mas também libertador. Essa análise leva a uma conclusão prática: se a crítica é inevitável, a melhor estratégia é parar de basear nossas decisões no que os outros pensam. Optar por aquilo que realmente traz felicidade não vai acabar com os julgamentos, mas torná-los irrelevantes. A coerência, então, deixa de ser medida pelo que a sociedade concorda, passando a ser definida pela integridade pessoal. No final, é uma constatação simples: as pessoas vão falar, não importa a escolha que você faça. Portanto, a única aprovação que realmente importa é a que vem de você mesmo.

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